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Reflexão sobre a criação de um Espaço-Museu no LGC

Em consonância com o projecto museológico no Clube onde sou DAV, e sobre o qual incidi o post anterior, venho dar continuidade ao mesmo.

No presente apresento uma pequena reflexão, a qual está em contínuo, sobre a importância da criação de um Espaço-Museu no Lisboa Ginásio Clube.

Diz-nos Maçarico, colega DAV, na publicação de 2010 Associativismo, Património e Cidadania, que o clube ou a associação são espaços de socialização, de estímulo da formação, da educação e integração de todos. Um clube é um local de «afectividades e utopias» onde todos diferentes desenvolvem iguais laços de solidariedade (17, 18).

Estes são os valores que observo quando atravesso as portas do número 63 da Rua dos Anjos. Ali cruzo-me com os meus colegas, quer do fitness quer da dança de Representação, que quando me vêem nos corredores ou na recepção, solicitam o meu regresso, neste ano de afastamento da actividade física. Ali percebo que esse pedido para retornar às modalidades não é um mero «vem e junta-te a nós» desprovido de sentimento. Ali existe afectividade e amizade, construídas ao longo dos tempos de partilha da dor e do sofrimento, da alegria e do prazer de se atingir um determinado objectivo de saúde física e mental. Ali sinto que me permitem que me interesse pela participação social e pela preocupação com o colectivo, tomando consciência e reconhecendo que o meu voluntariado, além de fundamental à minha saúde, é elemento fulcral da minha identidade enquanto ser social.

E, é ali que reconheço que esse acto não é totalmente desprovido de altruísmo. Como afirma Helena Vilaça e Paulo Guerra o voluntariado não é despropositado de interesses (2000 Sociologia 10, pp.79-129). Além de alimento da minha identidade e interesse de participação cívica, ser DAV no Lisboa Ginásio Clube é uma possível plataforma de lançamento para uma actividade profissional de antropóloga. Ali posso divulgar as minhas competências na realização de projectos e enquanto museóloga, sempre com o duplo objectivo do interesse pessoal no desenvolvimento do Clube que me proporciona uma boa saúde física e mental, e pela autopromoção profissional.

Em concreto, a minha dedicação ao projecto museológico de criação de um Espaço-Museu do Lisboa Ginásio Clube tem os seguintes fins:

  • Perpetuar a memória de todos aqueles que contribuíram e têm contribuído para a actividade do Clube enquanto colectividade desportiva que há quase 100 anos forma crianças e jovens, fazendo uso da ginástica para desenvolver a ideia de consciência colectiva e para a importância da cidadania activa;
  • Desenvolver a consciência que o Clube é parte da identidade dos seus associados, atletas e familiares, mas também da cidade de Lisboa e do país, sendo um interlocutor privilegiado na relação entre os indivíduos, a autarquia e as instituições estatais que gerem a educação e o desporto;
  • Disseminar a identidade do Clube enquanto espaço de afectos e emoções, fundamentais para criar laços de solidariedade entre pessoas;
  • Contribuir para que a comunidade que o constitui, e a que o rodeia, se consciencialize da relevância do Clube enquanto agente de educação e de formação através da prática desportiva lúdica, mas também de uma ocupação dos tempos livres dos adultos fomentadora de modelos de vida saudável;
  • Participar do conhecimento científico, quer através da análise da evolução do desporto em contexto português quer do desenvolvimento da populacional local e transformações societais.

 

Estes são os fins que se relacionam com o meu interesse directo pela actividade do Clube, no presente e fundamentalmente a pensar no futuro deste. Os meus objectivos mais pessoais são:

  • Transformar o projecto museológico numa plataforma para a divulgação das minhas competências enquanto antropóloga, investigadora e museóloga, tendo em vista uma profissão remunerada na área;
  • Desenvolver a minha actividade de cidadã activa, através da gestão da comunidade, da participação social e da agência no desenvolvimento da consciência colectiva;
  • Fortalecer o meu sentimento de pertença a uma comunidade, que partilha um espaço que considero ser «segunda casa»;
  • Contribuir para a minha auto-estima, nutrindo a minha identidade social de voluntária e de antropóloga;
  • Colaborar para a continuidade e para o progresso de um colectivo que me proporciona actividades lúdicas e fundamentais momentos de alegria fortificadores da minha saúde física e mental.

 

Acresce referir que a tarefa de recolha, catalogação e exposição de objectos e documentos, que podem não ser mais que simples lembranças pessoais mas de valor pessoal inestimável, é já um desafio ao meu conhecimento sobre a comunidade de pertença e às minhas competências de gestão de trabalho e tempo.

Em suma, o fim maior, o qual se mostrou após a descrição supra, é simplesmente abrir portas a um futuro de autoconhecimento e autoreconhecimento.




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